Ônibus articulado em Curitiba/PR em estação de transporte coletivo
No ano de 2050 sete em cada dez pessoas viverão nas cidades. Como essas cidades irão se desenvolver? Temos duas opções: desordenadamente ou de forma planejada. Para termos sustentabilidade ambiental e qualidade de vida em nossas cidades devemos optar pelo planejamento das mesmas. Grande parte da poluição do ar nas cidades tem origem na queima de combustíveis fósseis (gasolina e diesel) nos veículos que lançam diariamente grandes quantidades de monóxido e dióxido de carbono na atmosfera. O modelo de mobilidade urbana adotado atualmente privilegia aqueles que utilizam o automóvel. As políticas públicas infelizmente têm fortalecido esse modelo que extermina no Brasil 35 mil pessoas todos os anos, deixando mais de 200 mil seres humanos com alguma necessidade especial e a impunidade dos crimes de trânsito. A supremacia do transporte individual gera os engarrafamentos generalizando o estresse naqueles que ficam horas presos dentro de seus carros, desperdiçando tempo, energia e suas vidas.
O crescimento sustentável das cidades passa necessariamente pela definição de uma política pública eficaz de transporte coletivo. Nos últimos anos muitos trabalhadores e pessoas com baixa renda ficaram impossibilitados de terem acesso ao transporte coletivo devido ao alto custo das tarifas. O aumento abusivo das tarifas, na grande maioria das vezes acima da inflação, passa também pela política tributária do governo que não trata o transporte coletivo como serviço essencial. O cidadão excluído do transporte coletivo é forçado a se deslocar a pé, a lotar as vans clandestinas ou a buscar outra forma de locomoção. A dobradinha transporte coletivo e sustentabilidade tem tudo para dar certo. Se houver incentivo fiscal para as empresas concessionárias que utilizarem combustíveis renováveis – álcool e biodiesel – podemos matar dois coelhos com uma cajadada só: (i) redução das emissões de gases do efeito estufa; (ii) redução da tarifa do transporte coletivo para o usuário.
Outras medidas podem ser adotadas visando tornar a mobilidade urbana mais sustentável. Gostaria de citar o exemplo da cidade de Paris que apostou nas bicicletas. A Prefeitura distribuiu 20 mil bicicletas em vários pontos da cidade. Em Itaperuna por volta das 17 horas existe um grande fluxo de bicicletas na avenida principal. São os trabalhadores que ajudam a construir nossa cidade voltando para casa, são os excluídos do transporte coletivo. Correm o sério risco de serem atropelados cada vez que o sinal fica verde no semáforo. Itaperuna bem que poderia ser atravessada por uma ciclovia ligando o Caiçara ao Cidade Nova.
Adriano Ferrarez, é professor de Física do IFF Campus Itaperuna
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