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quinta-feira, 29 de abril de 2010

Parque do Ibirapuera Expõe Casa Ecoeficiente


Fonte: Estadão - 14.04.2010
São Paulo - Uma casa que gerasse toda a energia necessária para acender a luz, ligar eletrodomésticos, refrigerar ou aquecer os quartos. Foi a partir dessa ideia que surgiu o projeto Casa Alemã: A Casa Ecoeficiente, inaugurada na última quarta-feira, 15 de abril, no Parque do Ibirapuera. Painéis solares, paredes com isolamento térmico, sistemas de ventilação, calefação e iluminação inteligentes são algumas das inovações que a casa apresenta, em uma mistura de novas tecnologias e soluções criativas na arquitetura.

O ambiente, criado por especialistas alemães da Universidade Técnica de Darmstadt, é autossustentável: consome toda a energia que produz. A exposição segue até dia 28 e está aberta à visitação do público. São Paulo é o primeiro destino da casa ecoeficiente e o único no Brasil. Nos próximos meses, a casa percorrerá outros 12 países da América Latina.

Nos anos de 2007 e 2009, o conceito da casa alemã foi vencedor do concurso Solar Decathlon, do Departamento de Energia dos Estados Unidos, voltado para casas sustentáveis e energias renováveis. O espaço, de aproximadamente 82 metros quadrados, apresenta um sistema de aproveitamento da energia solar que consiste em placas fotovoltaicas na fachada e na cobertura da casa, e também lâminas integradas nas persianas das janelas, que tanto protegem o interior da radiação solar e do calor quanto produzem toda a energia que mantém os eletrodomésticos, a iluminação e a ventilação dos cômodos.

As placas são feitas de uma combinação química dos elementos cobre, índio e diselenido, e possuem bom desempenho mesmo com temperaturas baixas e radiação fraca. A interação dos raios de sol com a placa produz uma corrente de elétrons que gera eletricidade. Essa energia, que chega a um total de 1,89 quilowatts, é armazenada em baterias, e a eletricidade acumulada pode ser utilizada mesmo quando não há incidência da luz do dia.

A iluminação artificial do ambiente, feita com a técnica de LED, possui um sensor inteligente que regula a quantidade de luz de acordo com a claridade que vem do lado de fora. A climatização segue o mesmo padrão de sensor para manter a temperatura do ambiente regular se aproveitando das condições climáticas do ambiente. Além disso, portas dobráveis de persianas de madeira também ajudam a controlar a entrada de luz e de ar dentro de casa. Em dias frios, pode-se abrir essas persianas e aproveitar o calor e a luz do sol. Para obter mais privacidade, menos calor e luz, basta fechá-las novamente.

A casa expõe quatro ideias diferentes para o isolamento térmico das paredes da casa. Pode-se usar desde soluções mais simples, como o uso de isopor entre as paredes de concreto, quanto soluções mais criativas, como a utilização de uma camada de fibra de celulose, lâminas de madeira compensada, persianas e painéis revestidos de alumínio para conter luz e calor. Vidros duplos e até triplos nas janelas também auxiliam a manter a temperatura do interior. "Todas essas técnicas ajudam a evitar perdas e desperdício de energia e, a longo prazo, podem significar economias na conta de luz", explica o consultor técnico Duvivier Gherti.

Além disso, toda a madeira utilizada na casa é certificada, e os eletrodomésticos escolhidos, como geladeira, computador, e cafeteira, levaram em consideração a maior eficiência energética do aparelho. "Muita gente acha que usar aço no lugar de madeira é mais sustentável na construção de um prédio, só porque não há desmate envolvido. Mal sabem eles que a indústria do aço é uma das que mais consomem energia no mundo", explica o especialista em desenvolvimento urbano da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo, Eduardo Aulicino, que participou da inauguração da Casa Alemã.. "Então, o melhor seria usar a madeira de projetos de manejo, certificada, que, além do mais, é inteiramente reciclável e se reintegra completamente ao ambiente."

A casa utiliza apenas o conceito de eficiência energética e uso de energias renováveis. Mas poderia ir mais além. "Se fosse adaptada, essa casa poderia incluir um projeto de reúso de água e de gestão de resíduos sólidos, por exemplo", acrescenta Gherti.

"A ideia é prospectar mercado entre as empresas brasileiras para trazer as tecnologias alemãs de eficiência energética. Porque o Brasil é hoje o maior mercado ambiental da América Latina. E não estamos falando só de transferência tecnológica, mas também de parcerias, levar pesquisadores brasileiro para a Alemanha e trazer pesquisadores alemães para o Brasil", afirma o diretor de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, um dos responsáveis por trazer a mostra para o país.

"A Alemanha importa a maior parte de suas fontes de energia, e tem base na queima de carvão. Ao mesmo tempo, é líder mundial de tecnologias de uso eficiente", afirma o vice-presidente da Câmara Brasil-Alemanha, Julio Kampff, que coordena a  comissão de sustentabilidade da instituição. "Já o Brasil utiliza uma matriz mais limpa, a energia hidrelétrica, mas, mesmo com toda a reserva, precisa pensar a longo prazo em investir nas energias eólica e solar."

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