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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Mercado Cada Vez Mais Verde




Fonte: Diário do Nordeste - 07.04.2010

Brasil - Na década de 1970 surgiram, com os primeiros grandes desastres ambientais, preocupações mais sistematizadas com a interferência do ser humano no equilíbrio ambiental. De lá para cá, após várias conferências, estudos e, principalmente, com o agravamento dos problemas ambientais, os seres humanos finalmente parecem começar a seguir um caminho de volta à comunhão com o meio do qual fazem parte.


Um grande reflexo dessa mudança é a multiplicação de "empregos verdes", que exigem profissionais mais qualificados para lidar com os desafios postos por décadas de exploração desordenada dos recursos naturais sem quase nenhuma preocupação com sustentabilidade.


De acordo com a Organização Mundial do Trabalho (OIT), "empregos verdes" são trabalhos ou atividades que contribuem substancialmente para preservar ou restaurar a qualidade ambiental, o que inclui a proteção da biodiversidade e dos ecossistemas; redução do consumo de energia, materiais e água por meio de estratégias de alta eficiência; redução da emissão de gases geradores de efeito estufa (GEE); e minimização de desperdícios e de poluição.


De olho nessa tendência, acaba de ser criado o Green Jobs Brasil, primeiro portal de "empregos verdes" do país, que objetiva aproximar empresas que necessitam de capital humano para projetos sustentáveis e profissionais que buscam oportunidades nesse mercado.


Com visual inspirado na rede social Twitter, ele foi criado pela Rudra Tecnologias Sustentáveis, empresa catarinense que desenvolve softwares para novos modelos de negócio dentro da concepção do "capitalismo natural", também chamado "capitalismo verde", que segue a filosofia de que preservar o ambiente, ser socialmente responsável, interagir na comunidade traz satisfação aos clientes, diferencia a empresa em relação à concorrência e amplia lucros.


Empresas e profissionais podem usar o portal sem cadastro ou cobrança. As ofertas de emprego estão subdivididas pelas áreas Técnicos, Educadores, Gestores e Comercial, e podem ser procuradas por um sistema de buscas. Além de oferecer e candidatar-se às vagas, empresas e profissionais podem seguir o @greenjobsbrasil no Twitter e acompanhar notícias sobre "empregos verdes".


O Brasil já tem 2,6 milhões de empregos verdes, 6,73% do total de postos de trabalho formais, e a transição para uma economia que leve a menores emissões de GEE pode aumentar a criação dessas oportunidades, segundo o relatório "Empregos Verdes no Brasil: Quantos São, Onde Estão e Como Evoluirão nos Próximos Anos", lançado em dezembro último, pela OIT.


Ambiente financeiro


Ainda analisando essa tendência de "esverdeamento" do mercado, a iminência de regulamentações ambientais cada vez mais rigorosas e a acirrada concorrência do setor fazem os bancos ampliarem seus critérios socioambientais na análise de crédito para as empresas. A tendência é que tais critérios passem a ser incluídos também para empréstimos de baixo valor, prática ainda rara no Brasil.


Os Princípios do Equador são critérios mínimos para a concessão de crédito, assegurando que os projetos financiados sejam desenvolvidos de forma social e ambientalmente responsáveis. Eles tiveram a sua gênese em outubro de 2002, quando o International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial, e o holandês ABN Amro promoveram, em Londres (Inglaterra), um encontro de altos executivos para discutir experiências com investimentos em projetos envolvendo questões sociais e ambientais em mercados emergentes, nos quais nem sempre existe legislação rígida de proteção ambiental.


Em 2003, dez dos maiores bancos de financiamento internacional de projetos, responsáveis por mais de 30% do total de investimentos no mundo, lançaram os Princípios do Equador na concessão de crédito.


O objetivo é garantir sustentabilidade, equilíbrio ambiental, redução de impacto social e prevenção de acidentes que possam causar embaraços no transcorrer dos empreendimentos, com redução no risco de inadimplência.


Na prática, as empresas interessadas em obter recursos no mercado financeiro internacional devem incorporar, em suas estruturas de avaliação de Projetos quesitos como gestão de risco ambiental, proteção à biodiversidade e mecanismos de prevenção e controle de poluição; proteção à saúde, à diversidade cultural e étnica e Sistemas de Segurança e Saúde Ocupacional; avaliação de impactos socioeconômicos, proteção a habitats com compensação para populações afetadas; eficiência na produção, distribuição e consumo de água e energia; e respeito aos direitos humanos e combate à mão de obra infantil.


Isso reflete a apreensão com o futuro do próprio negócio. Ao financiar empreendimentos que venham a gerar impactos socioambientais adversos, os bancos estão submetidos ao risco de imagem e ao risco legal, diante da possibilidade de corresponsabilização pelo dano causado, e ao grande risco de inadimplência, já que as eventuais multas ou embargos podem repercutir sobre a capacidade de honrar compromissos junto ao banco.

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