Valor Econômico
Em parceria com a
Munich Re, maior resseguradora do mundo, a Fator Seguradora está
lançando um seguro para projetos de crédito de carbono e
instrumentos de redução de gases de efeito estufa.
A apólice cobre a
perda de receita caso o projeto não gere os créditos de carbono
previstos e comercializados.
O Brasil é o terceiro
país com o maior número de projetos de Mecanismos de
Desenvolvimento Limpo (MDL), instrumento criado pelo Protocolo de
Kyoto que traz a possibilidade de utilização de mecanismos de
mercado para que os países desenvolvidos possam cumprir seus
compromissos de redução de emissão de gases de efeito estufa.
Nele, países emergentes podem, voluntariamente, desenvolver projetos
de redução de emissão (conhecidos como "crédito de carbono")
para posterior venda dessas reduções para países desenvolvidos.
"São projetos
caros que geralmente precisam de financiamento. Um seguro que garante
a receita desse projeto vai melhorar a aceitação do financiamento",
afirma André Gregori, presidente da Fator Seguradora. Ele lembra
que, no ano passado, foi aprovada no Brasil a lei que institui a
Política Nacional sobre Mudança do Clima, que deve impulsionar a
realização desses projetos. Na política, o país assume meta para
reduzir entre 36,1% a 38,9% suas emissões de gases de efeito estufa
até 2020, com ações no âmbito federal, estadual e municipal por
entidades públicas e privadas.
"Além disso, a
maioria dos bancos mundiais exigem projetos de captura de CO2 para
conceder financiamento para obras de infraestrutura", ressalta
Gregori.
A apólice indeniza a
perda de receita de projetos de redução de gases numa eventual
ineficiência ou dano físico do projeto, insolvência do fornecedor
ou do comprador dos créditos, além de problemas provenientes de
variação climática. Gregori explica, porém, que o risco de
eventos naturais é uma cobertura extra, que pode ser incluída na
apólice. Ele explica que o preço do seguro varia de acordo com o
projeto de redução e com as coberturas contratadas, mas varia, em
média, entre 2% a 5% do valor do projeto.
"Este não é um
produto de prateleira, ele é montado de acordo com a particularidade
de cada operação", explica Tânia Amaral, superintendente de
riscos financeiros da Munich Re. A resseguradora já comercializa o
produto em outros países e tinha o interesse de trazer a cobertura
para cá por conta do Brasil ser um dos países que podem desenvolver
instrumentos de redução de gases.
O Brasil possui 499
projetos do tipo, equivalente a 6% dos 7.742 projetos espalhados pelo
mundo, segundo dados de junho deste ano do Ministério da Ciência e
Tecnologia. Isso coloca o país no terceiro lugar em número de
projetos de MDL no mundo. A China é a líder do ranking, com 3.056
projetos (39%) e, em segundo lugar, a Índia com 2.098 projetos
(27%).
O lançamento do
produto faz parte da estratégia de diversificação do portfólio da
seguradora, que trabalha basicamente com seguros ligados a obras de
infraestrutura. Há três anos, quando foi criada, a companhia atuava
apenas com seguro garantia. Nesta ano, passou a atuar com seguro de
engenharia, responsabilidade civil, riscos diversos de equipamentos,
eventos e aeronáutico.
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