Nossos Visitantes

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Lâmpadas incandescentes mais próximas do fim




Portarias interministeriais publicadas na semana passada definem níveis mínimos de eficiência energética das unidades e aprovam programa de metas de modelos fluorescentes. Meta é economizar, de forma escalonada até 2030, cerca de 10 TWh/ano

Dayanne Jadjiski, para o Procel Info MME

Impactos significativos de economia de energia. Na avaliação do gerente da Divisão de Eficiência Energética em Equipamentos da Eletrobras/Procel, Rafael David, estes serão os benefícios provenientes das duas portarias, a 1.007 e 1.008, publicadas na semana passada pelos Ministérios de Minas e Energia, da Ciência e Tecnologia e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Uma das resoluções aprova a regulamentação específica que define os níveis mínimos de eficiência energética de lâmpadas incandescentes. Com a edição de ambas as portarias, segundo estimativas do MME, o país será capaz de economizar, de forma escalonada até 2030, cerca de 10 TWh/ano.

O indicador de eficiência energética a ser utilizado, de acordo com a portaria, é definido como a razão entre o fluxo luminoso da lâmpada e a potência elétrica consumida. Para obter o nível mínimo de eficiência energética de uma unidade incandescente, será considerado o método de ensaio adotado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), através do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE). Ainda de acordo com a portaria, os níveis mínimos de eficiência energética a serem calculados nos ensaios destas lâmpadas, quando completarem 75% da vida nominal, são de 72% para a potência de 25W e 85% para as demais potências.

De acordo com o MME, a regulamentação tem como objetivo incentivar a exploração de outras tecnologias que proporcionem um horizonte mais favorável e seguro aos recursos energéticos utilizados em território nacional, para fins de iluminação em geral. Aos consumidores será assegurado, ainda de acordo com o ministério, que os produtos comercializados atendam aos requisitos mínimos de eficiência energética e qualidade.

David lembra que, caso não haja mudanças nas tecnologias atualmente empregadas nas lâmpadas incandescentes, as unidades poderão ser retiradas do mercado a partir de 2016, quando apenas alguns modelos utilizados em finalidades específicas poderão ser fabricados e comercializados no país. "Esperamos ter impacto significativo de economia de energia com essa medida, uma vez que as lâmpadas incandescentes naturalmente serão substituídas por fluorescentes compactas, que consomem em torno de quatro vezes menos", explica.

Dados da Secretaria de Planejamento Energético do MME mostram que ainda são comercializadas cerca de 300 milhões de lâmpadas incandescentes por ano no Brasil. Para David, a substituição de lâmpadas incandescentes por modelos eficientes é uma tendência mundial. "Ao longo do tempo, temos notado que a utilização das lâmpadas incandescentes tem caído significativamente. Em contrapartida, o uso das lâmpadas compactas tem aumentado. Estamos seguindo passos que foram dados na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo. O banimento das lâmpadas incandescentes é uma tendência mundial devido a sua baixa eficiência", acredita.
"O governo está estudando medidas de incentivo que propiciem condições de desenvolvimento a novas e eficientes tecnologias na área de iluminação. Acredito que, com isso, o Brasil dará um novo salto tecnológico em uma área que pode contribuir muito para a conservação de energia, meio ambiente e qualidade de vida”, segundo Isac Roizenblatt, da Abilux

A opinião também é compartilhada pelo diretor técnico da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux), Isac Roizenblatt. O executivo lembrou que na Austrália não é permitida a comercialização de lâmpadas incandescentes desde o final do ano passado e que há países, como o Japão, que subsidiam a aquisição de lâmpadas a LED. Para Roizenblatt, a eliminação gradativa das lâmpadas incandescentes é uma medida salutar. "Protege o bolso do consumidor na medida em que mais de 95% do custo da luz é o da energia que se consome ao longo da vida da lâmpada. O país ganha em conservação de energia e, se considerarmos a diferença de potência média instalada a ser retirada do mercado, que é da ordem de 45 watts por ponto de luz, teremos, sem considerar a demanda, algo da ordem de uma Itaipu", calcula.

Com 131 anos desde a sua invenção, Roizenblatt destaca que a lâmpada incandescente continua com uma baixa eficiência energética e vida curta. As lâmpadas fluorescentes compactas e as do tipo LED, segundo o diretor da Abilux, oferecem um nível de eficiência energética quatro a cinco vezes maior, além de uma durabilidade significativa. "Elas economizam cerca de 70% a 80% da energia oferecendo a mesma quantidade de luz. Enquanto a vida das lâmpadas incandescentes é de cerca de mil horas, a vida das fluorescentes compactas encontradas no mercado vai de três a dez mil horas e a das lâmpadas a LED vai de 25 mil a mais de 50 mil horas", diz Roizenblatt.

Boa parte dos consumidores brasileiros parece ter percebido o benefício das lâmpadas fluorescentes compactas. Segundo uma pesquisa de posse e hábitos realizada pela Eletrobras/Procel, nos anos de 1997 e 2005 cada residência brasileira tinha em torno de oito lâmpadas. Deste total, duas eram fluorescentes e seis incandescentes em 1997. Em 2005, eram utilizadas nas casas quatro unidades de cada modelo e, segundo David, este número já evoluiu. "Acredito que hoje a gente já tenha mais lâmpadas fluorescentes do que incandescentes nas residências", diz David.

O Programa de Metas de Lâmpadas Fluorescentes Compactas também foi aprovado numa outra portaria publicada na semana passada. De acordo com a regulamentação, os níveis mínimos de eficiência energética das lâmpadas a serem atendidos nos ensaios ao completar duas mil horas de funcionamento não podem ser inferiores a 80% daqueles medidos ao completar cem horas de funcionamento. O mecanismo de avaliação da conformidade da eficiência energética das unidades fluorescentes é o mesmo utilizado para a etiquetagem realizada pelo Inmetro no PBE.

David ressalta que o processo para se chegar às duas portarias foi extremamente participativo e contou com contribuições da sociedade, fabricantes, governo e entidades do setor. "Foi um processo construído com toda transparência e junto à sociedade". Para Roizenblatt, as medidas são de grande importância para o mercado. "O governo está estudando medidas de incentivo que propiciem condições de desenvolvimento a novas e eficientes tecnologias na área de iluminação. Acredito que, com isso, o Brasil dará um novo salto tecnológico em uma área que pode contribuir muito para a conservação de energia, meio ambiente e qualidade de vida”, finaliza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário