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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Eficiência na indústria: entraves à implementação

Especialistas apontam saídas para estimular o desenvolvimento de projetos de eficiência energética nas indústrias. Falta de financiamento é um dos problemas apontados

Eficiência energética na indústria: solução
contra desperdícios e garantira de mais
produtividade
Carolina Medeiros, para o Procel Info

Para Fernando Umbria, assessor de energia elétrica da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), o que acontece é que os investimentos em eficiência energética acabam competindo com investimentos típicos do core business da empresa. "E, naturalmente, essa competição faz com que esse tipo de investimento acabe ficando em segundo plano", afirmou o executivo. Outro problema apontado por ele é que as linhas de financiamento para eficiência energética são muito limitadas. "Inclusive, os próprios projetos de eficiência energética das concessionárias de energia são mais voltados para os consumidores de baixa tensão e muito pouco é dirigido para o segmento industrial", apontou Umbria.
No entanto, Jim Naturesa, engenheiro eletricista autor da tese "Eficiência Energética, Política Industrial e Inovação Tecnológica", sustenta que a indústria tem uma certa "aversão" a pegar linhas de crédito. E, como seus recursos vão para o core business, as medidas de eficiência energética acabam não acontecendo. "Quem investe em projetos de eficiência energética só começa a ter um retorno depois de dois, três anos. Para a indústria, esse tempo é longo demais", completou o engenheiro.
Para ele, a solução seria pegar recursos que serão alocados em inovação tecnológica e investi-los em projetos de eficiência energética. Segundo ele, esses recursos seriam fundamentais principalmente para a pequena e média empresa. "Para o pequeno e médio empresário, qualquer projeto de eficiência energética já é um projeto de inovação, porque está trazendo tecnologia nova, capacitação para os empregados, ou seja, o que há de mais novo no mercado. Então, o fato de substituir equipamentos antigos, ineficientes, por equipamentos eficientes, já justifica o crédito", avaliou Naturesa, acrescentando que esses recursos podem ser encontrados em linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Dois pontos precisam ser levados em consideração quando se fala em eficiência energética na indústria. O primeiro diz respeito ao desenvolvimento de novas tecnologias, que é um processo que está sendo realizado nos países desenvolvidos, mas que ainda encontra dificuldades de recursos nos países em desenvolvimento. O segundo aspecto é o comportamental, segundo gerente da CNI
Outro fundo que poderia ser utilizado para financiar a eficiência energética na indústria, segundo Fernando Umbria, da Abrace, é o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia. Segundo ele, o fundo tem 16 rubricas, entre elas uma destinada à energia e outra a petróleo. "De janeiro a dezembro de 2010, o segmento de energia dentro desse fundo teve uma arrecadação de R$ 215 milhões e o de petróleo, de R$ 1,990 bilhão. E pela lei que regulamenta a utilização desse fundo, não encontramos nada que impeça o uso de seus recursos em projetos de eficiência energética", comentou Umbria. A associação, inclusive, montou um grupo de trabalho para discutir o tema e identificar problemas e soluções relacionadas à eficiência energética na indústria.
Shelley de Souza Carneiro, gerente Executivo de Meio Ambiente da Confederação Nacional da Indústria, pondera que não se deve generalizar, pois, segundo ele, algumas empresas de alguns segmentos têm avançado bastante no processo de eficiência energética. No entanto, ele reconhece que em muitos outros segmentos, a eficiência energética não é feita como deveria. O gerente afirma que dois pontos precisam ser levados em consideração quando se fala em eficiência energética na indústria. "O primeiro diz respeito ao desenvolvimento de novas tecnologias, que é um processo que está sendo realizado nos países desenvolvidos, mas que ainda encontra dificuldades de recursos nos países em desenvolvimento", contou.
O segundo aspecto, ainda de acordo com ele, é comportamental. "Temos que desenvolver muito ainda o problema do desperdício, porque de uma certa forma ele entra no processo de competitividade da indústria. Quando um produto é feito com uma energia utilizada de forma ineficiente, isso é transferido para a sociedade, que paga mais caro por aquele produto. A ineficiência é paga, ela custa dinheiro", declarou Carneiro. Apesar de ser contra subsídios, o gerente acredita que isso possa ser necessário para alavancar os projetos de eficiência energética na indústria. "Não defendo subsídios eternos, mas somente no momento em que ele é necessário para alavancar um processo que está deficiente. Acho que nessa questão da energia, isso pode ser benéfico hoje, mas com o tempo, as empresas precisam superar o subsídio com a produtividade", argumentou Carneiro.

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