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terça-feira, 15 de março de 2011
Aquecimento Global: O que você tem a ver com isso? (Parte IV)
O etanol (ou álcool) foi utilizado pela primeira vez como combustível veicular nos anos 1920 do século passado. A crise do petróleo na década de 1970 motivou o Brasil a criar o Programa Nacional do Álcool (Pró-Alcool) cujo objetivo era evitar o aumento da dependência externa de petróleo. Em 1978 foi lançado o primeiro carro a álcool no Brasil. Em 1985 as vendas de carro a álcool atingiram níveis superiores a 95,8% de veículos leves no mercado interno. Em 1986 iniciou-se uma alteração no mercado internacional do petróleo. Os preços do barril caíram mais de 50% e a consequência disso foi que os programas de substituição do petróleo, como o Pró-Álcool, entraram em bancarrota. Os recursos públicos para subsidiar o Pró-Álcool deixaram de existir. Uma vez mais os interesses da onipotente indústria do petróleo ditaram as regras no Brasil e no mundo. Abandonamos o caminho da sustentabilidade energética e o ouro negro voltou a reinar soberano nos motores de ciclo Otto em nosso país.
Em março de 2003 a tecnologia dos motores flex fuel entrou no mercado brasileiro e conquistou rapidamente os consumidores. Um carro flex pode ser movido a gasolina, a álcool ou a uma mistura dos dois combustíveis. Mas essa tecnologia que poderia representar uma melhoria imensurável para o meio ambiente – estudo realizado pela Embrapa Agrobiologia comprovou que um veículo que utiliza etanol produzido a partir da cana-de-açúcar em substituição à gasolina é capaz de reduzir em até 73% as emissões de CO2 na atmosfera – esbarra no popular fator 0,7. Só é vantajoso abastecer com etanol quando seu preço é inferior a 70% do preço da gasolina. Esse cálculo considera o fato do etanol ser menos energético que a gasolina. Dia desses passando por um posto de combustíveis em Itaperuna fiz as contas: Gasolina R$ 2,79 x 70% = R$ 1,95, mas o litro do etanol estava custando R$ 2,04. Por que o etanol é tão caro em Itaperuna? Um dos fatores é o custo do transporte. Em regiões produtoras de etanol, como o Estado de São Paulo, esse chega a custar 56% do preço da gasolina. Em passado recente a cidade de Campos dos Goytacazes produzia grandes quantidade de álcool. Na última grande safra registrada em 1988 foram produzidos 227 milhões de litros de etanol. A produção sucro-alcooleira atual na região se reduziu a 1/3 da produção dos anos oitenta.
Se compararmos o etanol produzido por nós a partir da cana-de-açucar com o etanol de milho produzido pelos EUA temos: (i) produzimos 2 vezes mais por hectare; (ii) o balanço energético do etanol brasileiro é 6,4 vezes maior; (iii) a redução da emissão dos gases de efeito estufa é 3 vezes maior; (iv) o custo da produção é 27% menor. Eis a nossa vantagem comparativa. No próximo artigo iremos abordar outros combustíveis sustentáveis e eficientes.
Adriano Ferrarez, é professor de Física do IFF Campus Itaperuna
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