Brasil - Está para ocorrer no Brasil a revolução que promete fazer do sol uma fonte segura e econômica de energia para aquecer a água de hotéis, restaurantes, indústrias, estádios, hospitais. Diferentemente de outros países, principalmente da Europa, onde a energia solar térmica se espalha, no Brasil ela ainda se concentra nas residências, responsáveis por 72% dos sistemas de aquecimento. Aos poucos, no entanto, o segmento de serviços e a indústria começam a utilizar esse sistema.
Alguns exemplos se destacam, como o da fabricante de cosméticos L'Oréal, que implantou recentemente o sistema de aquecimento solar para lavagem de equipamentos de produção de sua fábrica no Rio de Janeiro. A empresa já utilizava o sistema para obter água quente nos vestiários e na cozinha, mas quis ir além. "Estamos usando a tecnologia para aquecer 25 mil litros de água por dia e pretendemos duplicar esse volume", afirma Gerard Vincent, diretor de meio ambiente da fábrica.
Potencial pouco aproveitado
Vincent diz que se surpreendeu com o pouco uso da energia solar no Brasil. "No Grupo L'Oréal, o aquecimento térmico já ocorria em outras fábricas, na Índia por exemplo", disse. Ele conta que a empresa tem metas ambiciosas de redução de emissões de carbono e de consumo de água e energia. "O uso desses equipamentos não influencia no consumo de água, mas no de gás", diz. "Conseguimos uma economia de 250 mil kWh anuais, o que corresponde a uma redução de 48 toneladas por ano de emissões de carbono."
Também a rede de lanchonetes McDonald's investiu no sol para aquecer seus estabelecimentos. "Temos no Brasil 38 restaurantes com essa iniciativa sustentável", afirma Jorge Silva, consultor de energia do McDonald's. A previsão é de ampliar para mais 20 restaurantes em 2011 e outros 15 em 2012. "É uma energia limpa cujo investimento acaba se pagando após dois a três anos de uso", afirma, Ele lembra que a utilização de aquecedores solares resulta de uma média de 5% a menos no consumo de energia.
Para Aldo Batista, presidente da fabricante E2Solar, os restaurantes que começam a usar energia térmica são um excelente exemplo de efeito demonstração. "Eles comprovam que a imagem ambiental positiva pode se aliar à economia de energia", diz. Batista lembra que, com a busca por energias renováveis que não causam impactos ambientais, os coletores solares começam a chamar a atenção. Reduz-se o uso de chuveiro elétrico que, no horário de pico, é um dos grandes responsáveis pelo alto consumo de energia elétrica.
Segundo dados do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Dasol), órgão da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), o sistema permite uma economia de até 50% na conta de energia elétrica (não confundir a solar térmica, com a fotovoltaica, que utiliza coletores solares para gerar eletricidade).
A Abrava aposta em um aumento de escala no uso de aquecedores, incentivado por projetos como o Minha Casa Minha Vida, que recomenda que as moradias sejam construídas com esse sistema, e espera a aprovação do projeto de lei 630/03, que prevê, entre vários incentivos a tecnologias limpas, descontos na tarifa de energia aos estabelecimentos dotados de energia solar para aquecimento.
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