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domingo, 11 de novembro de 2012

Horário brasileiro de verão 'esquenta' comércio

Brasil – Horário de verão traz aumento nos lucros de bares e restaurantes e tem como principal objetivo a redução da demanda de energia elétrica nos horários de ponta

Ivana Varela, para o Procel Info
 
Brasil - Se para algumas pessoas o horário de verão ainda traz desconforto, para o comércio de bares e restaurantes a mudança de horário traz benefícios, com previsão de aumento nos lucros. Os empresários desse ramo estão muito otimistas com a chegada dessa medida. De acordo com pesquisa realizada pelo Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes (SindRio), com 50 estabelecimentos localizados em vários bairros da cidade, o crescimento médio dos negócios com o horário de verão é de 20%. A hora a mais se soma ao tempo quente e aos happy hours, comuns aos últimos meses do ano, como os principais fatores que impulsionam o consumo. De acordo com a assessoria de imprensa do Sindicato, até fevereiro de 2013, o levantamento mostra que o chopp será o item mais pedido. Cerveja, caipirinhas e bebidas não-alcoólicas aparecem logo em seguida no ranking dos preferidos. Fechando a lista aparecem os petiscos.

Casas no Centro e nas proximidades da orla da Zona Sul são as principais responsáveis pelo aumento do movimento. “Em restaurantes que normalmente não têm happy hour, o horário de 17h às 20h passa a ser frequentado e aumenta o consumo de espumantes”, acrescenta o diretor de Comunicação e Marketing do SindRio, Fernando Sá. Para Armando Gomes Filho, do Bar Urca, o horário de verão não deveria ser tão curto. “É tão benéfico para nós e para os cariocas que, no nosso Estado, deveria ser prolongado por mais um mês”, disse.

O principal objetivo do horário de verão é o melhor aproveitamento da iluminação natural em relação à artificial, distribuindo, desta forma, os chamados “picos de energia”. De acordo com o relatório da implantação do horário de verão 2011/2012 da ONS, de outubro a fevereiro os dias têm maior duração por causa da posição da Terra em relação ao Sol, e a luminosidade natural pode ser melhor aproveitada. Isto é possível, pois adianta-se os relógios em uma hora, reduzindo assim a concentração de consumo de energia no horário entre 18 e 21 horas. A redução do consumo elétrico neste horário prolonga o período de maior consumo do dia até às 22 horas, reduzindo seu valor máximo, chamado de demanda.

O principal objetivo do horário de verão é o melhor aproveitamento da iluminação natural em relação à artificial, distribuindo, desta forma, os chamados “picos de energia”.

O horário de verão diminui os riscos de falta de abastecimento nos horários de pico. Dependendo da temperatura e luminosidade do dia, o horário de verão pode propiciar uma redução de até 6% na demanda de energia neste horário de ponta (entre às 18 e 21h). Esta redução é obtida pelo desalinhamento da rampa que ocorre na ponta com a iluminação pública e a domiciliar que normalmente coincidem. A avaliação é do professor Reinaldo Castro Souza, do Departamento de Engenharia Elétrica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (CTC – PUC-Rio).

Reinaldo explicou, em entrevista ao Procel Info, que neste período do ano o setor industrial, que corresponde à maior fatia do consumo do país, tende a crescer bastante a sua demanda, em virtude da proximidade das festividades natalinas.

A opção pela aplicação do horário de verão apenas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país justifica-se pelos melhores resultados alcançados, e por elas constituírem a maior parte de carga do país. “Quanto mais próximo dos polos, maior o número de horas com iluminação solar, e quando se afasta destes e se aproxima do Equador, reduz-se o aproveitamento. Assim sendo, para os Estados mais ao norte (a partir da Bahia), este efeito do aumento das horas de iluminação natural nos dias de verão deixam de existir e, portanto, não é possível a sua utilização, como nos Estados mais ao sul”, destacou o professor.

O relatório de resultados da implantação do horário de verão da ONS mostra também que, nos últimos anos, a redução média da demanda tem sido em torno de 5% ou 100 MW, o que seria suficiente para abastecer uma cidade de 100 mil habitantes. Isso significa que as usinas deixaram de gerar, no horário de maior carga, cerca de dois mil megawatts por ano. Estudos também mostram que a economia no consumo elétrico por demanda tem evitado novos investimentos em usinas geradoras de energia, da ordem de três bilhões de reais a cada ano. Além do investimento que se deixa de fazer, o horário de verão também vai proporcionar economia de R$ 280 milhões com a compra de combustível para as usinas térmicas.

Segundo a ONS, com 119 dias de duração, a medida visa conferir maior confiabilidade e flexibilidade para a operação do sistema elétrico. Com uma hora a mais de luz natural, a demanda do horário de ponta cai 2.266 MW, o que equivale a cerca de 4,5% da demanda do Sistema Interligado Nacional. Para este ano de 2012, está prevista uma economia de 280 milhões de reais com a geração térmica evitada para atendimento à ponta e por restrições elétricas.

História
No Brasil, o horário de verão foi instituído pela primeira vez no verão de 1931, pelo então presidente Getúlio Vargas. Porém, era adotado em períodos não consecutivos. A partir de 2008, o Decreto 6.558 fixou o período de vigência e a área de abrangência do horário de verão para todos os anos, iniciando-se sempre no terceiro domingo de outubro, e encerrando-se no terceiro domingo de fevereiro do ano subsequente (exceto quando houver coincidência com o carnaval), abrangendo as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Nesse ano de 2012, em atendimento a uma solicitação do governo estadual, foi retirado o Estado da Bahia, único do Nordeste incluído no ano passado. E o Decreto nº 7.826, publicado no dia 15 de outubro de 2012 no Diário Oficial da União, inclui este ano o Estado de Tocantins, único da região Norte que quis aderir à medida.

Hoje, o horário de verão já é considerado um valioso instrumento de eficiência energética e uso racional de energia elétrica, pois proporciona uma utilização de energia mais uniforme durante o dia. Com isso, melhor se aproveita o sistema elétrico disponível e os recursos energéticos e naturais. A medida ajuda o país a garantir sua oferta de forma mais contínua e segura, com preços adequados à realidade nacional.

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