
Brasil precisa cuidar para não perder liderança mundial de fontes energéticas limpas
Escrito por Luis Roque — Publicado em 30/06/2009 10:50
O Brasil deveria alocar todos os esforços para reduzir ao máximo o uso de novas fontes energia não renováveis, a fim de manter sua posição como líder em fontes de energia limpa, concluíram os debatedores do painel - Oportunidades Geradas pela Busca por uma Matriz Energética Sustentável -, durante a Conferência Internacional do Instituto Ethos, em São Paulo.
"Devemos evitar o risco de o Brasil sujar sua matriz energética, mesmo porque o país tem tecnologia de etanol e de hidroelétricas para exportar ", disse o físico José Goldemberg, um dos debatedores.
Para ele, o Brasil tem capacidade de seguir o seu próprio modelo de desenvolvimento energético e a oportunidade de passar à frente dos Estados Unidos e da União Europeia utilizando fontes renováveis.
Segundo dados do governo, 80% de toda energia consumida no mundo vem de fontes não renováveis como carvão e petróleo, enquanto no Brasil 46% de sua matriz energética é baseada em energia renovável.
Segundo o representante do Greenpeace no debate, Marcelo Furtado, existem estudos que permitem projetar uma matriz energética 100% renovável em 2050.
Isso se dá porque 70% de toda a eletricidade consumida no Brasil vem de hidrelétricas e, também, pelo renovado crescimento do álcool como combustível para veículos automotores.
Apesar disso, o Brasil está crescentemente usando fontes não renováveis. Por exemplo, no leilão de energia organizado pelo governo para acontecer em agosto, 92% dos 14 mil MW de potência instalada deverão entrar em operação daqui três anos, e virão, possivelmente, de combustíveis fósseis.
Segundo o presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE), orgão do governo federal, Mauiricio Tolmasquim, a opção por térmicas se dá por falta de projetos prontos de novas hidroeléticas que, segundo o executivo, demoram para obter o aval do órgãos estaduais e federal da área de licenciamento ambiental.
"Do total de energia, 90% é térmica, porque elas já estavam licenciadas", disse Tolmasquim.
Entretanto os debatedores, entre os quais estavam representantes do governo e da organização ambientalista Greenpeace, focavam somente na ideia de manter a matriz energética mais limpa possível e, em nenhum momento, aventaram a possibilidade de que, para manter a matriz enérgetica limpa é preciso avançar em programas de eficiência energética.
Segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia 2008-2017, o consumo de eletricidade deve crescer cerca de 4% ao ano, enquanto os ganhos de eficiência energética estão projetados para reduzir o consumo neste período para uma taxa bem menor de um dígito, a partir dos ganhos de eficiência dos equipamentos elétricos e industriais.
O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial dos maiores emissores totais de gases efeito estufa, principalmente por causa do desmatamento e das emissões da agroindústria.
Considerando apenas os gases emitidos em decorrência da matriz energética, o Brasil cai para a 18º posição e, para 86º, se contabilizarmos apenas os emitidos pela produção de energia elétrica.
Do total dos gases emitidos pelo Brasil, o desmatamento e a agricultura são os maiores responsáveis respondendo por 60% e 24% das emissões, segundo Tolmasquim.
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